Bolsonaro disse em março que “colocaria cara no fogo” por ex-ministro preso pela PF

Brazil's President Jair Bolsonaro gestures while meeting supporters as he leaves Alvorada Palace, amid coronavirus disease (COVID-19) outbreak, in Brasilia, Brazil, April 3, 2020. REUTERS/Adriano Machado
  • Bolsonaro defendeu Milton Ribeiro e disse que “colocaria a cara no fogo” por ele
  • Ex-ministro deixou a pasta em março, acusado de lobby no Ministério
  • Nesta quarta, ele foi preso em operação da Polícia Federal

Ex-ministro da Educação, preso pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (22), Milton Ribeiro tinha apoio maciço e confiança de Jair Bolsonaro (PL). Prova disso é que o presidente chegou a dizer que “colocaria a cara no fogo” pelo aliado.

A declaração foi dada durante uma das lives semanais de Bolsonaro em março, mesmo mês no qual Ribeiro deixou o Ministério da Educação justamente após suspeitas de lobby de pastores evangélicos na pasta.

Milton Ribeiro foi o quarto ministro da Educação apenas no governo Bolsonaro, sendo substituído após a saída por Victor Godoy Veiga, que assumiu em 29 de março e segue no cargo.

Em seus quase dois anos à frente da pasta, o pastor da Igreja Presbiteriana, teólogo e advogado colecionou crises e polêmicas, como quando disse que alunos com deficiência “atrapalham” o aprendizado de outras crianças em sala de aula.

A prisão do ex-ministro

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta uma operação contra Ribeiro e pastores suspeitos de operar um balcão de negócios no Ministério da Educação e na liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

A PF também cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços de Ribeiro e dos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos — esses dois últimos são ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e apontados como lobistas que atuavam no MEC.

A ação foi batizada de Acesso Pago e investiga a prática de “tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos” do FNDE.

Com base em documentos, depoimentos e um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) foi possível mapear indícios de crimes na liberação de verbas do fundo. Ao todo, são cumpridos 13 mandados de busca e apreensão e cinco de prisões em Goiás, São Paulo, Pará e Distrito Federal.

Os pastores são peças centrais no escândalo do balcão de negócios do ministério. Eles negociavam com prefeitos a liberação de recursos federais mesmo sem ter cargo no governo.

Os recursos são do FNDE, órgão ligado ao MEC controlado por políticos do centrão, bloco político que dá sustentação a Bolsonaro desde que ele se viu ameaçado por uma série de pedidos de impeachment e recorreu a esse apoio em troca de cargos e repasses de verbas federais.

O fundo concentra os recursos federais destinados a transferências para municípios.

Prefeitos relataram pedidos de propina, até em ouro.

Em áudio revelado pela Folha de S.Paulo, o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro disse que priorizava pedidos dos amigos de um dos pastores a pedido de Bolsonaro.

Na gravação, o ministro diz ainda que isso atende a uma solicitação do presidente Bolsonaro e menciona pedidos de apoio que seriam supostamente direcionados para construção de igrejas. A atuação dos pastores junto ao MEC foi revelada anteriormente pelo jornal O Estado de S. Paulo.

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