
O que parecia ser o início de mais um plantão em um hospital, se transformou em um momento de música e fé. Um vídeo mostra médicos e colaboradores da Santa Casa nos corredores do bloco cirúrgico ouvindo um colega tocar saxofone. Em seguida, foram feitas orações e o dia de trabalho foi iniciado. O momento, que durou alguns minutos, aconteceu em Montes Claros (MG).
“Todos os profissionais da saúde vivem um momento delicado com a pandemia do coronavírus, mesmo tendo costume de lidar com situações difíceis. A música e a oração mexem com os sentimentos da gente. Não podemos desanimar quando a humanidade mais precisa de nós”, fala Misaque Cardoso Nascimento que tocou o saxofone.
http://g1.globo.com/mg/grande-minas//videos/v/funcionarios-da-santa-casa-de-montes-claros-tem-momento-de-oracao-e-musica/8521598/
O músico, que também é técnico de enfermagem no hospital há 12 anos, e a colega Rosirene Moreira tiveram a ideia de fazer o momento antes do início do plantão. Por dia, mais de 100 profissionais passam pelo bloco cirúrgico, onde os dois trabalham.
“Não vamos deixar o desânimo tomar conta da gente não, mesmo que a gente não confie, não saiba rezar, não saiba como pedir, vamos só acreditar. Porque tem milhões de pessoas pedindo por nós, de todas as religiões”, diz Rosirene, que está há 20 anos na Santa Casa de Montes Claros.
‘Carinho na alma’
A Santa Casa é filantrópica e tem aproximadamente dois mil colaboradores e cerca de 450 médicos, que realizam mais de 1,5 milhão de atendimentos por ano. Pacientes do Norte de Minas Gerais e do Sudoeste da Bahia recorrem à unidade de saúde, que é referência em atendimentos de alta complexidade para uma população estimada em dois milhões de pessoas.
“Captamos e realizamos transplantes de órgãos, oferecemos serviço oncológico, somos maternidade referência em partos de alto risco, referência em traumas dos mais diversos, entre outros atendimentos complexos. Além disso, agora também estamos na luta contra o coronavírus”, fala Maurício Sérgio Sousa e Silva, superintendente do hospital.
Para garantir a saúde e o bem-estar dos colaboradores, minimizando o impacto emocional, psicólogas fazem o acolhimento e dão suporte às demandas que surgem por parte dos trabalhadores. Elas fazem visitas presenciais e ficam de plantão para que os funcionários que não se sintam à vontade para conversar pessoalmente possam ligar.
“Sempre fomos linha de frente, mas neste momento compartilhamos de maneira coletiva a nossa ansiedade, medo e angústia diante do desconhecido que neste momento pinta um cenário que assombra”, fala a psicóloga hospitalar, Paula Guimarães.
Houve ainda a criação de um email e um telefone específicos para que todos os colaboradores do hospital possam tirar dúvidas sobre a Covid-19. Afim de mantê-los informados, estão sendo disponibilizados boletins diários com os casos de coronavírus atendidos na unidade.
“Tem sido difícil nos permitir parar, respirar e continuar de maneira leve e descontraída. Quando se torna possível desviar esse foco de todo o contexto, que seja através de um momento de música como nosso colega nos presenteou, nos traz de volta a leveza, a fé e o fortalecimento para crermos que, mesmo em meio a dificuldade, podemos fazer um carinho na nossa alma”, destaca Paula Guimarães.
“E, apesar de estarmos localizados numa área considerada pobre, não deixamos nada a desejar em relação ao atendimento oferecido em capitais e em grandes centros urbanos. Portanto, minha conclusão sobre essa instituição, que pratica a filantropia há 148 anos, é: se a Santa Casa de Montes Claros não existisse, onde essas pessoas receberiam esses atendimentos? Teriam que se deslocar para locais cada vez mais longes das suas cidades de origem em busca de saúde. E com o hospital aqui na região, isso não é preciso”, finaliza Maurício Sousa e Silva.
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