Desemprego avança para 12,2% e atinge 12,9 milhões de pessoas no 1º trimestre

A taxa de desemprego subiu para 12,2% no primeiro trimestre, alta de 1,3 ponto percentual na comparação com os três meses anteriores, divulgou nesta quinta-feira (30) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, o número de trabalhadores desocupados no país chega a 12,9 milhões, um acréscimo de 1,2 milhão de pessoas.

“Esse crescimento da taxa de desocupação já era esperado. O primeiro trimestre de um ano não costuma sustentar as contratações feitas no último trimestre do ano anterior (por conta dos temporários contratados no Natal)” , diz a analista da pesquisa, Adriana Beringuy. “Essa alta na taxa, porém, não foi a das mais elevadas. Em 2017, por exemplo, registramos alta de 1,7 ponto percentual”, completa.

Na comparação com o primeiro trimestre de 2019, quando marcou 12,7%, a taxa de desocupação do primeiro trimestre deste ano caiu meio ponto percentual.

Segundo a analista da pesquisa, os números de desemprego de janeiro a março ainda não refletem o impacto das medidas de isolamento social adotadas para frear o avanço do novo coronavírus.

“Grande parte do trimestre ainda está fora desse cenário. Não posso ponderar se o impacto da pandemia foi grande ou pequeno, até porque falamos de um trimestre com movimentos sazonais, mas, de fato para algumas atividades ele foi mais intenso”, comentou.

População ocupada sofre queda recorde

A população ocupada diminuiu em 2,3 milhões de pessoas no trimestre, para 92,2 milhões, uma queda de 2,5% — a maior de toda a série histórica meida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua), iniciada em 2012. A baixa reflete recuo de 6,1% dos serviços domésticos, também recorde.

Em relação ao primeiro trimestre do ano passado, a população ocupada permaneceu estável.

Informalidade recua

Os empregos sem carteira assinada no setor privado tiveram queda recorde de 7% no primeiro trimestre. Das 2,3 milhões de pessoas que deixaram o contingente de ocupados, 1,9 milhão são trabalhadores informais.

Assim, a taxa de informalidade baixou de 41% no último trimestre de 2019 para 39,9% no primeiro deste ano, representando 36,8 milhões de trabalhadores. No primeiro trimestre do ano anterior, a taxa estava em 40,8%.

O grupo dos informais é composto pelos trabalhadores sem carteira, domésticos sem carteira, empregadores sem CNPJ, trabalhadores por conta própria sem CNPJ e trabalhadores familiares auxiliares.

O emprego com carteira e o conta própria sem o CNPJ também caíram no trimestre.

No recorte por setor, todas as atividades registraram perdas: indústria (2,6%), construção (6,5%), comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (3,5%), alojamento e alimentação (5,4%), outros serviços (4,1%) e serviços domésticos (5,9%).

Nº de pessoas fora da força de trabalho também é recorde

A quantidade de pessoas fora da força de trabalho também bateu recorde no primeiro trimestre, subindo para 67,3 milhões, um ganho de 1,8 milhão de pessoas em relação ao trimestre anterior (2,8%) e de  2 milhões de pessoas contra igual trimestre de 2019 (3,1%).

O grupo é composto por pessoas que não estão procurando trabalho, mas que não se enquadram como desalentados (aqueles que desistiram de procurar emprego). O universo de desalentados ficou estável em 4,8 milhões.

“A população fora da força de trabalho já vinha crescendo, e é importante lembrar que no primeiro trimestre de cada ano, essa população costuma aumentar, porque é um período de férias e muita gente interrompe a procura por trabalho”, observa Adriana Beringuy.

O rendimento médio real habitual (R$ 2.398) no trimestre encerrado em março ficou estável no trimestre. Já a massa de rendimento caiu para R$ 216,3 bilhões, queda de 1,3% em relação ao trimestre anterior. Na comparação com um ano antes, a massa de rendimentos ficou estável.

Coleta por telefone

Por prevenção contra a pandemia de Covid-19 e seguindo as orientações do Ministério da Saúde, o IBGE interrompeu a coleta presencial de todas as suas pesquisas em 17 de março de 2020. Desde então, as informações passaram a ser apuradas por telefone.

Com isso, a taxa de resposta da PNAD Contínua em março de 2020 caiu para 61,3% — em janeiro, tinha sido de de 88,4% e fevereiro, de 87,9%. Porém, o IBGE analisou os impactos na taxa de desocupação e no rendimento médio habitual, e não observou aumento significativo nos coeficientes de variação, o que, segundo o instituto, tornou viável a divulgação dos dados do primeiro trimestre.

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