Militares pressionam Bolsonaro para tirar Pazuello da linha de frente da Saúde

A manutenção de um ministro que não é médico no comando do Ministério da Saúde, o general Eduardo Pazuello, tem incomodado militares da ativa e também da cúpula palaciana próxima a Jair Bolsonaro. O episódio não ocorreu nem na ditadura militar. Enquanto o presidente diz que o interino “vai ficar um bom tempo” no cargo, o núcleo duro do mandatário no Palácio do Planalto o pressiona por uma rápida substituição.

Conforme relatos feitos ao HuffPost entre quarta (20) e quinta-feira (21) por interlocutores palacianos e das Forças Armadas, o temor é que os problemas relativos ao combate à pandemia de covid-19 fiquem “colados” na imagem dos militares.

As inquietações têm sido levadas a Bolsonaro pelo ex-comandante do Exército general Eduardo Villas Bôas, hoje assessor especial da Presidência, e pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno. Os dois estão entre as pessoas que o mandatário mais costuma ouvir, sem considerar a ala radical, liderada pelos filhos.

Pazuello, que assumiu o cargo interinamente após o pedido de demissão de Nelson Teich na última sexta (15), enfrenta o pior momento da pandemia no Brasil. Foi justamente nesta semana que o País atingiu duas vezes a marca de mais de mil mortos em um dia – na terça (19), com 1.179 registros em 24 horas e nesta quinta (21), com 1.188 óbitos. Há ainda o peso da ampliação de uso da cloroquina, cuja eficácia não está comprovada cientificamente.

O novo protocolo para a medicação foi uma cobrança do presidente Jair Bolsonaro implementado prontamente pelo general Pazuello. Na segunda (18), ele levou um primeiro esboço a Bolsonaro. Na terça, os dois voltaram a se encontrar e discutiram novamente. Na manhã de quarta, por fim, o desejo de Bolsonaro foi publicado.

A falta de pressa em escolher um nome efetivo para o Ministério da Saúde se sustenta na parceria de longa data entre o presidente e o general. Os dois se conheceram na Academia…

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