Caso Backer: Trinta novas vítimas vão passar por perícia a partir desta semana, diz delegado

A partir desta semana, 30 novas possíveis vítimas da Backer, que reclamaram diretamente na delegacia, vão passar por perícias médicas e, posteriormente, poderão ser ouvidas pela Polícia Civil. A informação foi confirmada na noite deste domingo (14), pelo delegado responsável Flávio Grossi.

Estas pessoas não estão no inquérito apresentado na semana passada, quando foram indicadas 29 vítimas, sendo sete fatais. Um deles é o aposentado Luciano barros, de 57 anos, que teve alta na quarta-feira, depois de três meses.

“Entrei no hospital imaginando que fosse ficar um dia, dois dias. Acordei, quando me falaram, já tinha 3 meses, eu não acreditei”, afirmou.

As 29 vítimas foram intoxicadas por dietilenoglicol, que vazou por um furo de 1,5 milímetros no sistema de refrigeração da Backer e contaminou a cerveja.

Os pesquisadores do Instituto de Criminalística usaram como parâmetro uma intoxicação que aconteceu em 1992, na Argentina e fez 29 vítimas. Quinze delas morreram porque ingeriram 11 mililitros de dietilenoglicol. Na cerveja Belorizontina, da Backer, a quantidade encontrada em cada garrafa foi de 6 mililitros.

Em seis meses, a polícia descobriu como ocorreu o vazamento no tanque 10. Foi colocada uma substância, tipo corante, na bomba e foi possível verificar que havia vazamento da tubulação de resfriamento para o tanque.

“Nós encontramos vários vazamentos. Um deles, na bomba, com uma grande vazão”, disse o delegado Flávio Grossi

Ministério aponta novos lotes de Belorizontina, da Backer, contaminados — Foto: Danilo Girundi/TV Globo

Ministério aponta novos lotes de Belorizontina, da Backer, contaminados — Foto: Danilo Girundi/TV Globo

A empresa diz que nunca comprou dietilenoglicol, que só compra monoetilenoglicol puro.

“Como este produto entrou em contato com a cerveja? Foi descoberto no inquérito. Foi através de uma adulteração feita num fornecedor de São Paulo. Como este produto entrou em contato com a cerveja? Através de um furo no tanque 10. Tanque novo, que veio com vício de fabricação”, defendeu um dos advogados da cervejaria Marcos Aurélio Santos.

Para a polícia civil, o fato de a substância ser monoetilenoglicol ou dietilenoglicol é irrelevante no inquérito.” É indiferente para nexo de acontecimentos se vazou mono ou di, porque as duas são tóxicas e causam efeitos semelhantes nas vítimas”, disse o delegado.

A fabricante do tanque recomendava a utilização de álcool, e, não, de monoetilenoglicol ou dietilenoglicol para sistema de refrigeração. Para a polícia, não seguir a recomendação implicou em assumir o risco.

A Backer mostrou, para a equipe, áudio enviado pelo dono da empresa fornecedora do tanque afirmando que poderia usar o monoetilenoglicol e que não havia nenhum estudo apontando contraindicação para uso da substância. Ele foi procurado para falar sobre a mensagem e sobre o defeito no tanque, mas não respondeu.

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