Mais de 2 mil casos de Covid-19 das cidades mais populosas de MG estão fora do boletim do estado

Mais de dois mil casos de Covid-19 que foram registrados pelas prefeituras das 20 cidades mais populosas de Minas Gerais não estão no boletim epidemiológico divulgado nesta segunda-feira (15) pela Secretaria Estadual de Saúde. Segundo o governo do estado, estas 20 cidades somam 11.047 casos confirmados de Covid-19. Mas, somando-se os dados dos balanços municipais, o total é de 13.122 confirmações.

A constatação é de um levantamento feito pelo G1, através do cruzamento dos números do boletim epidemiológico fornecidos pela SES-MG nesta segunda-feira (15) e pelas secretarias municipais, divulgados no domingo (14).

De acordo com o último boletim divulgado pelo governo, Minas Gerais possui 21.728 casos confirmados do novo coronavírus, dos quais 481 resultaram em morte dos pacientes.

O caso que chama mais atenção é o de Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Segundo a prefeitura, a cidade tem 3.770 casos confirmados de Covid-19 e 57 mortes. Mas, o boletim da SES aponta 2.137 casos e 38 mortes. A diferença é de 1.600 casos e 19 mortes.

Em Governador Valadares, no leste do estado, a discrepância maior é no número de óbitos. Segundo a SES-MG, 10 pessoas morreram com Covid-19. Mas a cidade alega que o total é mais que o dobro, 26. O número de casos confirmados também é diferente nos dois boletins: enquanto o estado afirma que foram 381, a cidade diz que são 397.

Ipatinga, no Vale do Aço, também registra diferença expressiva, de mais de 120 casos, se comparados os dois informes. Enquanto o estado alega que foram 675 casos confirmados, a prefeitura diz que são 798 pessoas com a doença. O número de mortes, 16, é o mesmo nos dois.

Tanto Uberlândia quanto Ipatinga estão em regiões que já registraram esgotamento de leitos de UTI. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, nesta segunda-feira (15), a macrorregião de saúde Triângulo do Norte, onde fica Uberlândia, estava com taxa de ocupação de leitos de UTI de 132,58% e o Vale do Aço estava com 111,72% de ocupação.

Três regiões de Minas estão com mais de 100% de ocupação de leitos de UTI nesta segunda — Foto: Reprodução/ SES-MG

Três regiões de Minas estão com mais de 100% de ocupação de leitos de UTI nesta segunda — Foto: Reprodução/ SES-MG

A divergência também ocorre entre os dados informados pela prefeitura de Teófilo Otoni e o estado. Enquanto o boletim municipal confirma 509 casos e 20 mortes, o estadual afirma que são 460 casos e 13 mortes.

Na Região Central do estado, a cidade de Sete Lagoas tem 79 casos confirmados da doença e 2 mortes, números bem superiores aos divulgados pela SES, que são de 44 casos e 1 morte.

Divergências também na Grande BH

Já na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a cidade de Betim tinha, no domingo, 435 casos confirmados e 18 mortes. Mas, a SES-MG não computou ainda três mortes e outros 53 casos. O boletim estadual afirma que a cidade possui 382 pessoas que têm ou tiveram a doença e 15 óbitos.

O número de casos de mortes em Ribeirão das Neves confirmados pela prefeitura da cidade, 6, é o dobro do confirmado pelo estado, 3. O número de casos também é diferente: enquanto o município já registra 220 casos, o boletim estadual afirma que são 192.

Enquanto a maior parte dos boletins municipais registra diferença para mais no número de casos, o mesmo não acontece em Contagem. Segundo a prefeitura da cidade, são 532 casos confirmados da doença. Mas, de acordo com a SES-MG, são 652 casos.

O que diz a Secretaria de Estado de Saúde

SES-MG diz que após confirmação por teste PCR, ainda é necessário fazer checagem de dados antes de entrar no boletim estadual — Foto: Pierre-Philippe Marcou/AFP

SES-MG diz que após confirmação por teste PCR, ainda é necessário fazer checagem de dados antes de entrar no boletim estadual — Foto: Pierre-Philippe Marcou/AFP

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde disse que só entram no boletim epidemiológico casos que já tiveram processo de investigação encerrado. Segundo a SES, o estado precisa fazer a checagem de dados de cada um dos casos confirmados por exame laboratorial, o que pode gerar atrasos e divergências entre os boletins.

Veja a íntegra:

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) esclarece os casos registrados no Boletim Epidemiológico não correspondem, necessariamente, a registros ocorridos nas últimas 24h. O quantitativo publicado em boletim está relacionado ao encerramento do processo de investigação nesse intervalo e abarcam, portanto, casos que tiveram sintomas iniciados anteriormente ao fechamento do boletim.

Quando um paciente suspeito de ter a doença é identificado pelo serviço de saúde do município, faz-se uma triagem com esta pessoa, de acordo com dados clínicos e epidemiológicos, o que auxilia na tomada de conduta de internação ou isolamento domiciliar.

Definido como caso suspeito, o município preenche a notificação com os dados do paciente, via sistemas de informações ou meios de comunicação oficiais, previamente estabelecidos. Com essas notificações é que se gera todo o banco de dados da Covid-19 no Estado.

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais analisa a base de dados diariamente e, quando necessário, solicita novas informações e faz o cruzamento dos resultados de exames laboratoriais. Após este trabalho, os dados estarão tratados para fazerem parte do Boletim Diário.

Sendo assim, pode haver situações que atrasam a atualização do banco de dados para produção do Boletim, em virtude dos fluxos habitualmente adotados para a notificação de doenças e agravos, o que pode resultar em divergências entre o número de casos divulgados pelo boletim epidemiológico estadual e municipal”.

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