Falta de medicamentos utilizados em UTI coloca em risco pacientes com Covid-19 em BH

A situação se repete no Hospital Risoleta Toletino Neves, na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte, uma das unidades de referência em atendimento a vítimas de acidentes. Diferente da Santa Casa, que recebe os pacientes já encaminhados das unidades de saúde, o HRTN é o chamado “porta aberta”, ou seja, tem uma agenda imprevisível de procedimentos, além de também ter leitos para pacientes com Covid-19.

“No caso de sedação, a gente tem feito uma mudança de protocolo, substituindo estas medicações por outras. Mas para bloqueadores, como os estoques estão muito baixos, a gente tem feito redução de cirurgias, procedimentos que são programados e tem direcionado estoques para urgência”, disse a diretora técnico-assistencial Mônica Costa.

Por causa dos atendimentos de porta aberta, ela não sabe dizer quanto tempo o estoque vai durar, mas pede empenho entre todas as instituições para o enfrentamento à escassez de insumos.

“Eu acho que a gente teria que fazer um movimento mais geral dos hospitais e da gestão municipal para tentar levantar estes estoques e ver se é possível fazer remanejamento considerando perfil que a gente atende”, falou.

Segundo Mônica, há falta também do antibiótico Azitromicina, que é usado por alguns hospitais no tratamento à Covid-19.

A dificuldade para encontrar os anestésicos e sedativos também já reflete em mudança de rotina do Hospital da Baleia. Segundo Carolina Mourão, assessora da Superintendência Técnica do Hospital da Baleia, foi possível manter um estoque mínimo para garantir a segurança dos pacientes.

“Estamos trabalhando com nossas equipes médicas para uso racional, estamos tentando compra de medicamentos substitutos, mas infelizmente, estas ações não são duradouras para garantir a assistência segura”.

Lista dos medicamentos em falta

  • Sedativos opióides: Fentanil, Sulfentanil, Alfentanil.
  • Anestésicos: Cetamina e Dextrocetamina.
  • Sedativo benzodiazepínicos: Midazolam está em falta ampola com 10mL e a de 3mL está entrando em falta no mercado.
  • Bloqueadores neuromusculares: Suxametonio, Rocuronio, Atracurio, Cisatracurio e Pancuronio

Estoque suficiente para 3 semanas, diz secretário de Saúde de BH

A Secretaria Municipal de Saúde de BH informou que “acompanha com preocupação a situação do desabastecimento de anestésicos na rede hospitalar”, mas disse que não foi necessário cancelar cirurgias nos Hospitais Odilon Behrens e Dr. Célio de Castro.

A Secretaria afirmou que acompanha a evolução do estoque e que está em articulação com fornecedores e governos estadual e federal para resolver o problema.

Segundo o Secretário Municipal de Saúde Jackson Machado o estoque de anestésicos em Belo Horizonte é suficiente para as próximas três semanas:

“Nós estamos experimentando não só em Belo Horizonte, mas também em todo o país, uma diminuição das disponibilidade de anestésicos pra compra. O nosso estoque municipal ainda é suficiente para as próximas três semanas. Alguns dos dos nossos hospitais tem o suficiente para dois meses. Então a gente tem uma folga na quantidade de anestésicos. Mas é uma situação que nos preocupa, porque se a gente não conseguir comprar, os hospitais, principalmente da rede pactuada com Belo Horizonte, não são hospitais próprios, podem vir a sofrer com falta de leitos ou falta de anestésicos para ocupar esses leitos”, afirmou.

Estado confirma contingenciamento

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais confirmou que existe um contingenciamento e remanejamento do estoque destes medicamentos para suprir os hospitais da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), incluindo o Hospital Eduardo de Menezes, referência para atendimento à Covid-19. Mas negou que haja desabastecimento

“Em alguns casos, há a substituição terapêutica por outros similares, prevista nos Protocolos Clínicos, caso não tenha o item momentaneamente no estoque regular.”, informou.

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